Pense nisso...
Meus irmãos e irmãs umbandistas.
Pensar, rogar, rezar ou ainda vivenciar ‘Preto Velho’ é mais
do que prover o futuro, sabedoria ou infinitas mirongas. É olhar
para o passado e rever, reconhecer e entender nosso eu. É
acalmar a alma e entrar na essência do perdão, do acolhimento e
da serenidade. É respeitar o próximo, materializando atitudes e
sentimentos que vão além da tolerância. É deixar brotar,
florescer e ainda compartilhar a bondade, a obediência e a
esperança.
É RESPIRAÇÃO –
como aquela que os Caboclos promovem em cada brado e
manifestação; é a LÁGRIMA – semelhante à expressão, ação
e reação de Exu; é POSTURA – como ensinam as Pombagiras de
nossa Umbanda, e também ALEGRIA, MAGIA, MANDINGA, SABEDORIA e
ESPIRITUALIDADE – como pronunciam os Baianos, Boiadeiros,
Marinheiros e todos os Guias de Luz.
Para eu ainda, é
vivificar um passado e misturá-lo com uma BONDADE e uma
BENEVOLÊNCIA suprema e presente.
Um passado que,
mesmo que se negue e independente do lado em que estivemos,
existiu e vivenciamos! Um passado real de violência, dor,
desrespeito e desconstrução humana no qual, segundo estimativa
do IBGE, cerca de 4.009.400 africanos desembarcaram no Brasil na
lamentável condição de escravos e ainda outros 667.696
morreram nos navios negreiros durante o trajeto África-Brasil.
Ainda lamentável foi o fato de que, mesmo após a abolição,
qualquer direito como: terra, escola, moradia, água,
eletricidade, igualdade… foram-lhes negados. Acontecimentos que
se fundem hoje com manifestações serenas, palavras doces,
trabalho sério e uma bondade soberana que é capaz de
transformar nosso presente, nosso íntimo e nosso futuro.
Esse olhar me faz
curvar, chorar, reencontrar, arrepiar e clamar por perdão,
firmar minha devoção, inspirar minha vida, rogar e cantar por
benção.
Atentemos: bolo de
fubá, café, pipoca, tapioca, vinho, canjica, guiné, arruda,
feijão, fubá, polenta, vela ou ainda reza… Nada disso é
satisfatório se não houver o reconhecimento, o respeito e o fim
do preconceito. Nada disso será importante se não formos mais
complacentes, benquerentes e benevolentes.
Difícil?
Não! Não é
difícil se, além de agradecer, ouvir e manifestar os pretos
velhos de nossa querida Umbanda, também nos predispormos a
aprender com Eles seguindo afinco seus conselhos e exemplos.
Pense nisso...
Abraços Adriano Mendes