Umbanda pé no chão...
Quando se diz que a Umbanda é “Pé no chão” representa centramento, despojamento e humildade.
Centramento – os médiuns têm a consciência de que são instrumentos e, como bons instrumentos, procuram manter-se limpos (higiene, equilíbrio emocional e espiritual etc.) e atualizados (serviços na casa, preces, meditação, estudo, palestras etc.)
Despojamento – por mais simples que seja uma casa, tudo nela é lindo quando se procura a espiritualidade, e não a ostentação. Se a casa consegue organizar uma grande ou uma pequena homenagem para Orixás, Guias e Guardiões, conforme o espaço físico, o orçamento e o tamanho da assistência, pouco importa: o fundamental é a intenção, a conexão com a Espiritualidade, a devoção e o carinho com que tudo é compartilhado (Axé, sentimentos, comida, sacolinhas de doces etc.).
Humildade – ser humilde não significa ser servil ou humilhado. A humildade na vida espiritual representa uma escolha, um comportamento adequado às funções que se tem numa casa. Não importa o que se faz, mas como se faz: uma pessoa não é mais importante que a outra, e todos são necessários (dirigentes espirituais, cambones, médiuns de incorporação, Ogãs, assistência, visitas etc.).
O aprendizado na Umbanda pé no chão é constante e não tem fim. Todos somos aprendizes e não aprendemos apenas no templo religioso pois a gira continua no cotidiano. O Axé recebido num trabalho, o ensinamento de um Guia, o recado de um Guardião, tudo precisa ser vivido e experimentado nos vários ambientes e nas mais diversas situações. Afinal, na Umbanda aprende-se o equilíbrio mental, espiritual, emocional, o amor ao próximo, o respeito aos elementos da natureza e aos pontos de força etc. Tudo isso é vivenciado na família, no emprego, nas viagens, nos momentos de crise e não apenas no terreiro.
A caminhada espiritual na Umbanda, com o pé no chão, é muito mais amorosa e segura. Caminhar com salto alto somente atrasa o percurso e cansa os pés.
Ademir Barbosa Júnior (Dermes) é umbandista, escritor, pesquisador e Pai Pequeno da Tenda de Umbanda Iansã Matamba e Caboclo Jiboia.
