Homenagem aos Cambonos



Início da gira. Acende o charuto, ganha um abraço, um olhar, um sorriso, um “Salve, meu filho!”. É uma lida que ele gosta. Nessa estrada vai angariando experiência e bons amigos, desse e do outro lado da vida. Vai aprendendo sobre a natureza humana, presenciando dores maiores e menores do que as suas, testemunhando a carência e a caridade.

É ele quem ouve os segredos de confessionário, os atos de gratidão, as consultas difíceis. Ele doa energia, traduz os ensinamentos, esforça-se para que o consulente receba o que veio buscar. Mal sabe a importância do que faz e ainda assim faz com prazer, zeloso e dedicado. O ato de servir lhe atribui mais humildade ao caráter.

Médium que não incorpora, intérprete e interlocutor dos guias, aprendiz, parceiro, escudeiro, sem ele não haveria ordem nos deveres da Umbanda.

Fim da gira, mas não do seu trabalho. Enquanto lava a tábua suja, raspando a cera ressecada, os restos de mais uma noite, vai lembrando de cada consulta, cada rosto, cada mandinga do Caboclo, das palavras do Preto-velho, das demandas vencidas por Exú. Ele apaga as marcas da magia na madeira barata mas grava em seu espírito imortal importantes lições, sentindo vontade de que chegue logo a semana que vem.
Soldado de Umbanda, não serve ao médium, serve aos divinos seres da Aruanda, com quem tem sempre um encontro marcado.



Um abraço para todos os Cambonos .

TEFAH.

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